19 fevereiro 2014

Jorge Rabello: a falta de credibilidade da arbitragem vem do comando



Jorge Rabello: falta de credibilidade e conflito de interesses
O erro do árbitro adicional Rodrigo Castanheira no jogo de domingo serviu apenas para nos lembrar de que este torneio quase amador está acontecendo. Salvo a Ferj e alguns jornalistas provincianos, ninguém havia reparado. Talvez nem Vasco e Fluminense, mais preocupados com viradas de mesa. Desta vez, o prejudicado foi o Vasco, o mesmo Vasco que foi o beneficiário maior da longa e tenebrosa era de trevas do futebol carioca (e brasileiro) comandada por Eurico Miranda, que agora eles renegam.

Já faz anos que no Rio temos um sexteto de arbitragem, com esses chamados árbitros adicionais, que ficam atrás dos gols como simples espectadores. Ou seja, não passam de custos adicionais, que os clubes pagam e não reclamam. 

O responsável por essa multiplicação de empregos é Jorge Rabello, um especialista em multiplicar. Além de se multiplicar no comando de entidades de arbitragem, também já foi acusado de multiplicar CPFs.


Dois CPFs: denunciado na CPI do futebol

Dacildo Mourão revelou fraude de Rabello

Em depoimento na CPI do futebol de 2000, o ex-árbitro Dacildo Mourão prestou um depoimento em que afirmava que Jorge Fernando Rabello falsificou documentos para reduzir em quatro anos a sua idade e com isso apitar por mais tempo, inclusive se tornando árbitro Fifa. A transcrição do depoimento:

"O SR. FRANCISCO DACILDO MOURÃO DE ALBUQUERQUE - São dois árbitros com idade alterada. Sr. Jorge Fernando Rabelo, árbitro carioca. Inclusive saiu uma matéria na Rede Globo de Televisão mostrando esse fato, ele alterou a idade em quatro anos. Pra quê? Pra entrar na FIFA, no meu lugar. Só que ele foi denunciado por alguém, que eu não sei quem foi. Chegou ao conhecimento da FIFA, e mandaram que o Sr. Armando Marques tirasse da relação do Sr. Rabelo e colocasse um outro. E o Sr. Rabelo... Recebi um documento, na minha casa, pelo correio, de São Paulo, anônimo, mas constando — eu achei interessante trazer esses dados — o nome também, o número de dois CPFs dele, que, segundo esse documento, seriam falsos. Dois CPFs de uma pessoa. Os números: o primeiro, 090.963.017/81. A data de nascimento desse seria 11/12/62. O segundo CPF: 538.759.077/87. A data de nascimento: 11/12/58, que seria a idade real. No caso, quatro anos de diferença que o cidadão tem aqui nos dois documentos."  
Na mesma CPI, Armando Marques, então presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, foi questionado por ter dado uma segunda chance a Rabello mesmo diante de fato tão grave, enquanto foi rigoroso com outros árbitros não amigos por questões bem mais leves.


Notório conflito de interesses

Acusado de multiplicar CPFs, Rabello se multiplica também nas entidades de arbitragem. Ele responde concomitantemente pela presidência da Comissão de Arbitragem do Futebol do Rio de Janeiro (Ceaf-RJ), presidência do Sindicato dos Árbitros Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (Saperj) e diretoria administrativa da Cooperativa dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Coopaferj)

A absurda condição de Rabello já o levou a situações insólitas, como a de enviar um ofício para si mesmo. Em 20/09/2013, a Aneab (Associação Nacional dos ex-árbitros do Brasil), presidida por Wagner Tardelli, denunciou ao MP fraudes do sindicato e da cooperativa, além do conflito de interesses pelo acúmulo de presidências, o que redundou na instauração de ação civil pública.


A ditadura de Jorge Rabello

Rabello: autoritarismo como marca

Vários árbitros relatam que qualquer manifestação contrária ao comando de Rabello pode custar-lhes a carreira. Seja para árbitros de primeira divisão, ou para os que ainda apitam nas categorias de base e divisões inferiores. Manifestações contrárias não são toleradas e os árbitros devem aceitar calados quaisquer absurdos. Mas os amigos conseguem o estrelato.

No segundo semestre de 2007, um jogo pela segunda divisão do Estadual do Rio chamou a atenção. Jogariam Bonsucesso e Bangu em Teixeira de Castro. O árbitro alegou que faltava um documento de um enfermeiro e se recusou a inicar o jogo. O Bonsucesso providenciou tal documento, mas antes disso o árbitro aplicou-lhe WO, favorecendo o Bangu, time do presidente da Ferj, Rubens Lopes. O caso deu repercussão e novo jogo foi marcado.

No ano seguinte, o mesmo árbitro apitou a fatídica final da Taça Guanabara entre Botafogo e Flamengo, em que o time rubronegro recebeu a ajuda padrão de sempre e mais um pouco. O árbitro era Marcelo de Lima Henrique, e por tantos serviços prestados, recebeu o escudo da Fifa.

Péricles Bassols, que surgiu bem no cenário carioca, ousou bater de frente com Rabello e sorrateiramente perdeu a Fifa para Gutemberg de Paula, um dos piores árbitros que o Rio já teve e felizmente já aposentado, e só o recuperou muito tempo depois.


Declarações agressivas para rebater reclamações

Jorge Rabello também se notabiliza por declarações agressivas contra jogadores e dirigentes para defender seus comandados. Em 2009, o jogador Eduardo, do Botafogo, disse que pediu para sair de um jogo porque estava sendo ameaçado de expulsão pelo árbitro. Rabello rebateu de forma deselegante:

- Era muito mais honesto ele (Eduardo) falar o real motivo da saída dele de campo. Ele estava cansado. Ele estava afastado do elenco do Botafogo, só vivia na noitada.


Defesa de Beltrami, que depois foi preso

Ex-árbitro Djalma Beltrami é preso pela Polícia Civil

Em janeiro de 2009, Jorge Rabello fez grave acusação a Sergio Corrêa então presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, por causa do afastamento de Djalma Beltrami dos quadros da Fifa. Dizia que Corrêa ofereceu a saída da Fifa em troca da escala em grandes jogos. 

Este mesmo Djalma Beltrami tão defendido por Jorge Rabello é o mesmo que em 2007 expulsou Dodô na final do Campeonato Carioca contra o Flamengo (clube que nunca tem culpa de nada), e foi preso pela polícia civil em 2011, quando então era comandante do 7º BPM.

Na verdade, Rabello vivia buscando choques com Corrêa porque almejava seu cargo. Corrêa caiu, mas felizmente Rabello não conseguiu o posto.

Clubes são os responsáveis

Os maiores responsáveis pela desacreditada, desmoralizada e falida arbitragem carioca são os clubes grandes, como aliás o são por todas as mazelas do futebol brasileiro. Os clubes aceitam e se curvam a Jorge Rabello, aceitam os altos custos impostos pela Ferj e nada fazem.

Que clubes como Flamengo, Vasco e Fluminense tenham interesse em prolongar esta situação é de se esperar, pois os três se alternam como beneficiários desse sistema nefasto. O que espanta é a administração atual do Botafogo, contrariando diretriz histórica dos melhores aos piores dirigentes do clube de sempre ser contra isso.

De Bebeto a Mauro Ney, todos batiam de frente com a Ferj (embora uns mais e outros menos). Mas Maurício Assumpção preferiu aderir. Viu o Engenhão virar o clássico de todas as torcidas, viu o Botafogo continuar sendo tungado por arbitragens, viu o clube ser expulso de seu estádio em favor de coirmão, viu Jorge Rabello usar o clube para fazer campanha pelo lugar de Sergio Corrêa na Conaf...

A consequência do alinhamento da direção do Botafogo com a Ferj é tornar mais pesada a âncora que hoje o futebol carioca representa para os clubes daqui. A única forma de se deslocar disso é não se alinhar com essa federação e mirar obsessivamente as competições nacionais e internacionais, restando desprezo ao viciado torneio da Ferj. O oposto do que Maurício Assumpção faz.

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